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"Toda instituição passa por três estágios - utilidade, privilégio e abuso." François Chateaubriand



quinta-feira, novembro 19, 2009

Agonia


Copy&Paste: Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais

Floresta Atlântica continua encolhendo

O Bioma Mata Atlântica, presente em 17 estados brasileiros, é considerado patrimônio nacional pela Constituição federal. Em 1500, cobria 15% do território nacional, ocupando cerca de 1,3 milhão de km². Hoje, seus remanescentes de florestas bem conservados estão reduzidos a cerca de 7,91% da cobertura florestal original.

A Mata Atlântica tem uma biodiversidade oito vezes maior do que a da Amazônia, constituindo- se num dos últimos refúgios para a fauna e a flora, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Tem importância vital por seus serviços ambientais relacionados à produção e à conservação dos recursos hídricos e ao equilíbrio climático. Na sua área, é gerado 70% do Produto Interno Bruto.

Nessa extensa área, vivem atualmente cerca de 61% da população brasileira, ou seja, com base no Censo Populacional



2007 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Nessa extensa área, vivem atualmente cerca de 61% da população brasileira, ou seja, com base no Censo Populacional 2007 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, são mais de 112 milhões de habitantes em 3.222 municípios, que correspondem a 58% dos existentes no Brasil.

O desmatamento deste importante bioma continua em ritmo acelerado. É o que informa o novo “Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, organizado pela SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e divulgado no dia 26 de maio. Entre 2005 e 2008, período levado em consideração no estudo, 102.938 hectares de vegetação nativa foram derrubados em dez dos dezessete estados que recebem este tipo de ecossistema: Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Eles contabilizavam 93% da formação original da floresta.

Apesar de cada vez menor, a Mata Atlântica perdeu árvores em número equivalente ao constatado no último Atlas (que analisou o período entre 2000 e 2005): cerca de 34 mil hectares por ano. Ou seja, pelo visto, nenhuma política pública foi tomada para resolver o imbróglio. O posto de estado campeão do desmatamento, desta vez, ficou com Minas Gerais, responsável por acabar com quase 33 mil hectares nos três anos. Originalmente, o bioma cobria 46% daquele estado, hoje, a conta sequer bate os 10%. Logo em seguida, estão Santa Catarina e Bahia. De acordo com o Atlas, o estado de Santa Catarina tem hoje dois milhões de hectares de mata preservada, o equivalente a 22% da cobertura original.

A atualização do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica considerou os novos limites do Bioma Mata Atlântica tendo como base o Mapa da Área da Aplicação da Lei nº 11.428 de 2006, publicada pelo IBGE (2008) e divulgado no começo de 2009. A área do bioma diminuiu e passou a abranger a extensão de 1.315.460 km2. A utilização dos novos limites da Mata Atlântica implicou na mudança da área total, da área de cada Estado, do total de municípios e a porcentagem de Mata Atlântica e de remanescentes em cada uma destas localidades.

O total de 102.938 hectares desmatados nos 10 Estados avaliados mantém a média anual de 34.121 hectares de desflorestamento/ano, bem próximo da média anual identificada no período de 2000-2005, que foi de 34.965 hectares de desflorestamento/ano. Deste total, 59 ocorrências são áreas acima de 100 hectares, que totalizaram 11.276 hectares, e 76% foram desflorestamentos menores que 10 hectares.

Quatro décadas é o tempo que resta de vida para a Mata Atlântica se o atual ritmo de destruição for mantido na média de 34 mil hectares ao ano derrubados desde 2000. Nessa velocidade, a floresta tem data para acabar: 2050.
Os Estados mais críticos são Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia, que perderam, nos últimos três anos, 32.728 ha, 25.953 ha e 24.148 ha, respectivamente. Somam-se a esse total desflorestamentos na ordem de 9.978 hectares no Estado do Paraná, 3.117 hectares no Rio Grande do Sul, 2.455 hectares em São Paulo, 2.215 no Mato Grosso do Sul, 1.039 hectares no Rio de Janeiro, 733 hectares em Goiás e 573 hectares no Espírito Santo.

Minas Gerais possuía, originalmente, 27.235.854 ha de Mata Atlântica, que cobriam 46% de seu território; pelo levantamento, restam apenas 9,68%. Já Santa Catarina, que está 100% inserido no Bioma, tem 23,29% de floresta, e a Bahia, com 33% do território na Mata Atlântica, ou 18.875.099 ha, tem hoje apenas 8,80% de floresta.

As informações divulgadas no dia 26 de maio mostram também dados do desmatamento da Mata Atlântica por municípios dos dez Estados analisados no período de 2005-2008, e apontam que Jequitinhonha (MG), Itaiópolis (SC), Bom Jesus da Lapa, Cândido Sales e Vitória da Conquista (BA) foram os municípios que mais perderam cobertura nativa no período de 2005-2008.

As informações atuais mostram que a área original do Bioma está reduzida a 7,91%, ou 102.012 km2. Este número totaliza os fragmentos acima de 100 hectares, ou 1 km2, e têm como base remanescentes florestais de 16 dos 17 Estados onde ocorre (AL, PE, SE, RN, CE, PB, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS), que totalizam 128.898.971 hectares.

Dos 232.939 fragmentos florestais acima de 3 hectares existentes na Mata Atlântica, apenas 18.397 são maiores que cem hectares. “A fragmentação cada vez maior no bioma e a pressão das cidades sobre a floresta reforçam a importância da conscientização das pessoas e dos esforços na restauração florestal. Devido à extrema fragmentação de alguns trechos, principalmente nas regiões interioranas, a interligação entre as florestas nativas torna-se primordial para garantir a proteção da biodiversidade, da água e do clima nestas regiões”, explica Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica. Somados todos os fragmentos florestais acima de 3 hectares, têm-se hoje 147.018 km2, ou 11,41% de cobertura vegetal nativa.

O "Atlas dos remanescentes florestais e ecossistemas associados do Bioma Mata Atlântica editado abrangendo os seguintes períodos: 1985-1990, 1990-1995, 1995-2000, 2000-2005, 2005-2008", sendo desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Ironicamente, no mesmo dia em que a SOS divulgou os resultados do Novo Atlas (26 de maio), a Unesco também aprovou a ampliação da reserva da biosfera da mata atlântica (Fase IV), que integra a Rede Mundial de Reservas da Biosfera (RMBR). A RMBR totaliza 533 reservas, espalhadas por 106 países.

Confira aqui o novo atlas de remanescentes da Mata Atlântica (5,5 Mb / PDF)





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