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"Toda instituição passa por três estágios - utilidade, privilégio e abuso." François Chateaubriand
domingo, março 01, 2020
sábado, dezembro 22, 2018
quinta-feira, novembro 15, 2018
DECLARAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PÚBLICA DE CUBA
"O Ministério da Saúde Pública da República de Cuba, comprometido com os princípios solidários e humanistas que durante 55 anos têm guiado a cooperação médica cubana, participa desde seus começos, em agosto de 2013, no Programa Mais Médicos para o Brasil. A iniciativa de Dilma Rousseff, nessa altura presidenta da República Federativa do Brasil, tinha o nobre propósito de garantir a atenção médica à maior quantidade da população brasileira, em correspondência com o princípio de cobertura sanitária universal promovido pela Organização Mundial da Saúde. Este programa previu a presença de médicos brasileiros e estrangeiros para trabalhar em zonas pobres e longínquas desse país. A participação cubana nele é levada a cabo por intermédio da Organização Pan-americana da Saúde e se tem caracterizado por ocupar vagas não cobertas por médicos brasileiros nem de outras nacionalidades. Nestes cinco anos de trabalho, perto de 20 mil colaboradores cubanos ofereceram atenção médica a 113 milhões 359 mil pacientes, em mais de 3 mil 600 municípios, conseguindo atender eles um universo de até 60 milhões de brasileiros na altura em que constituíam 88 % de todos os médicos participantes no programa. Mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história. O trabalho dos médicos cubanos em lugares de pobreza extrema, em favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador de Baía, nos 34 Distritos Especiais Indígenas, sobretudo na Amazônia, foi amplamente reconhecida pelos governos federal, estaduais e municipais desse país e por sua população, que lhe outorgou 95% de aceitação, segundo o estudo encarregado pelo Ministério da Saúde do Brasil à Universidade Federal de Minas Gerais. Em 27 de setembro de 2016 o Ministério da Saúde Pública, em declaração oficial, informou próximo da data de vencimento do convênio e em meio dos acontecimentos relacionados com o golpe de estado legislativo-judicial contra a Presidenta Dilma Rousseff que Cuba “continuará participando no acordo com a Organização Pan-americana da Saúde para a implementação do Programa Mais Médicos, enquanto sejam mantidas as garantias oferecidas pelas autoridades locais”, o que até o momento foi respeitado. O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, fazendo referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, declarou e reiterou que modificará termos e condições do Programa Mais Médicos, com desrespeito à Organização Pan-americana da Saúde e ao conveniado por ela com Cuba, ao pôr em dúvida a preparação de nossos médicos e condicionar sua permanência no programa a revalidação do título e como única via a contratação individual. As mudanças anunciadas impõem condições inaceitáveis que não cumprem com as garantias acordadas desde o início do Programa, as quais foram ratificadas no ano 2016 com a renegociação do Termo de Cooperação entre a Organização Pan-americana da Saúde e o Ministério da Saúde da República de Cuba. Estas condições inadmissíveis fazem com que seja impossível manter a presença de profissionais cubanos no Programa. Por conseguinte, perante esta lamentável realidade, o Ministério da Saúde Pública de Cuba decidiu interromper sua participação no Programa Mais Médicos e foi assim que informou a Diretora da Organização Pan-americana da Saúde e os líderes políticos brasileiros que fundaram e defenderam esta iniciativa. Não aceitamos que se ponham em dúvida a dignidade, o profissionalismo, e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de seus familiares, prestam serviço atualmente em 67 países. Em 55 anos já foram cumpridas 600 mil missões internacionalistas em 164 nações, nas quais participaram mais de 400 mil trabalhadores da saúde, que em não poucos casos cumpriram esta honrosa missão mais de uma vez. Destacam as façanhas de luta contra o ébola na África, a cegueira na América Latina e o Caribe, a cólera no Haiti e a participação de 26 brigadas do Contingente Internacional de Médicos Especializados em Desastres e Grandes Epidemias “Henry Reeve” no Paquistão, Indonésia, México, Equador, Peru, Chile e Venezuela, entre outros países. Na grande maioria das missões cumpridas, as despesas foram assumidas pelo governo cubano. Igualmente, em Cuba formaram-se de maneira gratuita 35 mil 613 profissionais da saúde de 138 países, como expressão de nossa vocação solidária e internacionalista. Em todo momento aos colaborados foi-lhes conservado seu postos de trabalho e o 100 por cento de seu ordenado em Cuba, com todas as garantias de trabalho e sociais, mesmo como os restantes trabalhadores do Sistema Nacional da Saúde. A experiência do Programa Mais Médicos para o Brasil e a participação cubana no mesmo, demonstra que sim pode ser estruturado um programa de cooperação Sul-Sul sob o auspício da Organização Pan-americana da Saúde, para impulsionar suas metas em nossa região. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Organização Mundial da Saúde qualificam-no como o principal exemplo de boas práticas em cooperação triangular e a implementação da Agenda 2030 com seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os povos da Nossa América e os restantes do mundo bem sabem que sempre poderão contar com a vocação humanista e solidária de nossos profissionais. O povo brasileiro, que fez com que o Programa Mais Médicos fosse uma conquista social, que desde o primeiro momento confiou nos médicos cubanos, aprecia suas virtudes e agradece o respeito, a sensibilidade e o profissionalismo com que foram atendidos, poderá compreender sobre quem cai a responsabilidade de que nossos médicos não possam continuar oferecendo sua ajuda solidária nesse país. Havana, 14 de novembro de 2018.
Marcadores: #cuba #maismedicos
sexta-feira, novembro 02, 2018
Movimentos Sociais devem ser criminalizados?
https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=132591
Caso tenha dúvidas a respeito do tema, leia esse conteúdo no site do senado:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/05/22/criminalizar-movimentos-sociais-e-retrocesso-dizem-debatedores
quinta-feira, outubro 18, 2018
quarta-feira, outubro 17, 2018
segunda-feira, outubro 15, 2018
segunda-feira, dezembro 19, 2016
terça-feira, novembro 01, 2016
terça-feira, setembro 27, 2016
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terça-feira, agosto 30, 2016
Cigarras, borboletas e andorinhas
Por Marina Silva
Há dez anos, quando dirigia o Ministério do Meio Ambiente, tomei conhecimento de estudos realizados pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia que alertavam sobre o aumento do risco de combustão da floresta amazônica, provocado pela elevação da temperatura média na região e redução das chuvas, como decorrência do aquecimento global, do desmatamento e das queimadas nas zonas de expansão agropecuária.
Em 2007, o relatório do IPCC indicava que a Amazônia poderia virar uma espécie de savana até o fim do século, uma floresta mais seca, mais baixa, menos diversa e mais rarefeita. Embora estudos posteriores tenham mostrado que esse risco é menor do que se supunha e o próprio IPCC tenha reconhecido em seu relatório de 2014, continuou a afirmar que espera uma significativa diminuição das chuvas e aumento dos períodos de secas mais severas no leste da Amazônia.
Foi-se a polêmica, mas ficaram os alertas quanto aos efeitos. Infelizmente, em algumas regiões da Amazônia essas previsões têm se confirmado, como mostram os diversos eventos extremos ocorridos na última década. As duas piores secas na Amazônia ocorreram em 2005 e 2010, sendo que a de 2010 reduziu as chuvas numa área de 3 milhões de km² de floresta - bem mais do que o 1,9 milhão de km² afetado em 2005. As secas causam a morte de milhões de árvores e animais, além de enormes prejuízos para as comunidades ribeirinhas, para a economia e o abastecimento de água nas cidades. Outro exemplo dramático veio da porção ocidental da Amazônia. Em 2005, o Acre viveu sua pior seca da história e viu arder em brasa cerca de 400 mil hectares de florestas. Atualmente, o rio Acre tem a maior seca já registrada, um ano e meio depois da maior enchente.
Povos do Xingu estão sitiados em suas próprias terras pelo modelo de produção que se incentiva na Amazônia
No plano global, o ano de 2015 foi considerado o mais quente da história e o aquecimento continua: 2016 pode bater esse recorde. É inegável que o aquecimento do planeta está se acelerando e as consequências indicadas pelos cientistas décadas antes já começam a se tornar fato corrente.
Assisti ao comovente filme "Para onde foram as andorinhas?", produzido pelos institutos Socioambiental e Catitu. O filme documenta com paradoxal delicadeza a tragédia social e ecológica dos povos indígenas no Parque do Xingu, mostrando o aumento da temperatura e as mudanças no regime das chuvas e na biodiversidade provocadas pelo desmatamento, queimadas e uso de agrotóxicos nas fazendas que circundam o parque.
Essa é uma tragédia silenciosa, que se desenrola alheia à percepção da sociedade, dos governos e da imprensa. Uma crise sistêmica cujos indicadores não são divulgados nem reconhecidos. É diferente quando a bolsa de valores cai, o dólar sobe ou aumentam as taxas de juros nos Estados Unidos. Aí soam alarmados os atabaques tecnológicos das aldeias urbanas. O mundo "civilizado" entra em alerta máximo.
No Xingu, uma parcela dos brasileiros inquieta-se com indicadores que sinalizam perigo para suas vidas, seus investimentos, seus patrimônios e a destruição de todo seu modo de vida. A inquietação agrava-se no silêncio: esses indicadores só serão medidos, vistos e sentidos pelas comunidades do Xingu? Esses grupos terão cada vez menos aliados nos governos, nos parlamentos e na imprensa? Poderão eles acionar estruturas econômicas e instituições fortes em sua defesa?
Em vários povos, a crise se instala e se aprofunda debilitando-os até que venha a aniquilação lenta e certa. No Xingu, os índios perguntam para onde foram as andorinhas. Amanhã poderemos estar nos perguntando para onde foram os povos Aweti, Kalapalo, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Trumai, Wauja e Yawalapiti que viviam no Xingu. Além dessa, teremos muitas outras perguntas de natureza ética. Perguntas incômodas, mas fundamentais.
Esses povos estão sitiados em suas próprias terras, mas não mais por grileiros, garimpeiros ou madeireiros. Estão sitiados pelo modelo de produção econômica que nosso país adota e incentiva na Amazônia e nos demais biomas. Para os que defendem esse modelo é irrelevante o desaparecimento das borboletas, cigarras e andorinhas que indicavam a chegada das chuvas e o tempo de plantar. E para todos nós fica a pergunta: será irrelevante a denúncia de que estão matando o Xingu e seus povos, junto com as borboletas, cigarras, andorinhas, florestas e rios? Será irrelevante saber que o cheiro dos agrotóxicos das grandes lavouras se sente no interior da mata, que todos os seus habitantes estão sendo envenenados?
Precisamos ver tudo como uma espécie de aviso, igual à advertência que os cientistas fazem à nossa civilização urbana e industrial. Os cenários científicos da ONU mostram que o semiárido nordestino vai ficar mais seco e quente, que as principais culturas agrícolas do Brasil sofrerão perdas bilionárias, que as cidades litorâneas terão mais inundações e deslizamentos de terra. E os índios nos avisam que seu drama de hoje anuncia nossa tragédia de amanhã.
Há pouco mais de uma semana o Senado ratificou o Acordo de Paris, onde o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases estufa em 37% até 2025 e 43% até 2030. Essa foi uma excelente notícia em meio à crise politica e econômica. Mas para que seja levada a sério, governo e sociedade devem tomar decisões urgentes. Primeiro, que o governo tem o dever de interromper os movimentos liderados por sua própria base de apoio no Congresso, que quer impor retrocessos socioambientais, como, por exemplo, a fragilização da legislação ambiental e o fim dos direitos constitucionais de indígenas, quilombolas e outras populações tradicionais.
Além disso, precisamos do fortalecimento técnico, financeiro e político das instituições responsáveis pela política socioambiental do país, como os ministérios do Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia, Ibama, Funai, ANA e Instituto Chico Mendes e não da sua entrega a interesses contrários a suas funções. Essas instituições têm experiência e competência para firmar parcerias com a sociedade e buscar respostas para as perguntas de índios e cientistas.
Maior do que a crise política e econômica é a silenciosa e trágica crise da ecologia. Sem ecologia não há economia nem sociedade que se sustente. Temos que olhar os indicadores econômicos e sociais, é certo. Mas temos que ver bem de perto, e muito além dos juros, do dólar e da Bolsa, os indicadores de desmatamento e emissões de gases estufa. Se possível, considerando o que está sendo interpretado pelos índios através das cigarras, borboletas e andorinhas.
Marina Silva, ex-senadora e fundadora da Rede Sustentabilidade, foi ministra do Meio Ambiente e candidata à Presidência da República em 2010 e em 2014.
Fonte: Valor Econômico
segunda-feira, janeiro 11, 2016
Golden Globes 2016
Cercada: Jennifer Lawrence/Joy
Top: Bryan Cranston/Trumbo
Naturais: Mark Ruffalo (Lindo)/Spotlight-Infinity Polar Bear
Sequência: Terrence Howard (Lindo)/Empire
Top: Cate Blanchett/Carol
Top: Quentin Tarantino/The Hateful Eight
Jane Fonda/Youth
Top: Christian Bale/The Big Short
Gaga, a Lady/American Horror Story: Hotel
Angela Bassett (fazendo cara de tarada pro fotógrafo)/American Horror Story
Top: Kate Wislet/Steve Jobs
Jonah Hill - Sério
Taylor Schilling/Orange Is The New Black
Top: Julia Louis Dreyfus (Tensa)/Veep
Top: Leonardo Di Caprio/The Renevant
Resultados aqui.
Fonte: NBC
Marcadores: golden globes 2016
quinta-feira, dezembro 31, 2015
quinta-feira, agosto 20, 2015
Radio Yandê
sábado, agosto 08, 2015
domingo, junho 28, 2015
sábado, maio 23, 2015
Hoverboard - Guinness World Records
"The prototype can be used anywhere, but is usually tested over water because of how dangerously high it can fly (which is ironic considering that the movie joked that it can't)." Catalin Alexandru Duru
domingo, maio 17, 2015
Anti Mosquito KatoriMac
Você pode baixar na máquina do tempo do arquivo da internet:
STUDIO-蔵:蚊取りKura Mac
sexta-feira, dezembro 12, 2014
quarta-feira, setembro 17, 2014
quarta-feira, julho 09, 2014
domingo, julho 06, 2014
quinta-feira, julho 03, 2014
quarta-feira, junho 25, 2014
terça-feira, junho 24, 2014
Panic Button
Já tinha visto um app desse tipo, mas esse é oficial :P
Site
Fonte: http://www.ubergizmo.com/2014/06/amnesty-international-releases-panic-button-app-for-activists/?utm_source=mobilerepublic
Marcadores: android
segunda-feira, junho 23, 2014
sábado, junho 21, 2014
Operadora DDD
Uso o app Operadora DDD no Android para inserir automaticamente o código da operadora nas ligações e sempre achei indispensável. Agora também é possível ver a qual operadora pertence um número de telefone e armazenar essa informação nos contatos. Ficou perfeito!
Marcadores: android
sábado, junho 15, 2013
domingo, dezembro 09, 2012
domingo, julho 08, 2012
quinta-feira, maio 24, 2012
segunda-feira, maio 21, 2012
Carvoaria Brasil
“O governo é mais lento que jabuti”
' A frase dita pelo líder indígena Edilson Krakati, no encerramento da audiência publica da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, foi um ponto convergente na fala dos presentes.
A audiência foi convocada pelo Deputado Bira do Pindaré (PT) a pedido do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) para tratar da regularização e demarcação dos territórios Governador e Awá.
O cacique Tatu´xia Awa, que teve sua fala traduzida pela representante do CIMI, disse “Nossas terras estão sendo destruídas por madeireiros e invasores, as matas estão acabando, o que nós vamos comer? Nos não somos compradores de comida. Dependemos da mata para sobreviver. Por que os brancos demoram tanto para ler os papéis?”
As lideranças indígenas também denunciaram que sofreram atentados de morte por terem denunciado a ação ilegal de madeireiros na região. “Deram um tiro, mas não pegou. Tenho medo de morrer, pois tenho filhos para criar. O governo precisa garantir nossa segurança”, disse Cipriano Gavião, da Terra Indígena Governador.'
Marcadores: green
terça-feira, março 27, 2012
domingo, dezembro 25, 2011
Organiza o Natal
“Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.
Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon —sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.
Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso.
A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.
A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.
Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.
O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.
E será Natal para sempre.”