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Família: o mini-manicômio



José Ângelo Gaiarsa

A família é a escola primária e fundamental para formar os cidadãos das sociedades autoritárias - que são todas. O grande tamanho dos pais é equilibrado pelo tamanho demasiadamente pequeno dos filhos e, em algum lugar de você, você vai se sentir inferior para o resto de sua vida. A família é o lugar mais perigoso do mundo - é onde ocorre o maior número de agressões e o que é pior: todas essas agressões são aceitas como legítimas, até como necessárias. E enfim, você sabe me explicar por que é que mãe não tem xoxota? Você vê algum cabimento nesta imbecilidade que é tida como sagrada?
Família é um ótimo sistema para educar escravos, passivos, silenciosos, resignados. Isso é bom. Quanto a quem deveria educar as crianças, a questão é difícil, mas uma coisa eu sei: uma mãe e duas crianças num apartamento são um mini-manicômio. A educação de um novo ser humano exigiria, ao meu ver, uma equipe altamente amorosa e interdisciplinar.
Qualquer um de nós nasce com 100 bilhões de neurônios e o número de conexões entre eles é maior do que o número de folhas da Floresta Amazônica - como nos dizem os estudiosos no assunto. Enquanto a vida era simplória, dois terços do cérebro podiam ser dispensados, mas com a existência do micro chip dos computadores e da internet, podemos sonhar com o uso de todos os nossos neurônios, mas isso jamais poderá ser feito por uma só pessoa - mesmo que seja a mãe."

Texto extraído do batepapo de José Ângelo Gaiarsa no chat do Terra em 22/03/2000.