O Gosto do Nada
"Mente fraca, outrora amiga da luta,
A Esperança, espora do teu ardor,
Não quer mais te montar! Deita-te sem pudor,
Cavalo velho que a cada passo reluta.
Desiste coração; dorme bem, massa bruta.
Ser acabado! Pra ti, velho traidor,
O amor perdeu sabor, e também a disputa;
Adeus, suspiro de flauta, gosto de fruta!
Prazer, não tentes mais um sombrio censor!
A Primavera linda perdeu o odor!
Minuto a minuto, o Tempo me executa,
Como na neve imensa um corpo já sem dor;
Vejo a terra do alto, igual ao condor,
E não procuro mais o abrigo da gruta.
Avalancha, posso ir contigo? Escuta!"
- Charles Baudelaire, tradução Jorge Pontual
Trouxe do New York On Time.
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